FERNANDO CASTRO

EXPLORE AS PEÇAS

Acreditar que o impossível pode ser alcançado, tanto na literatura quanto na dramaturgia, é se propor a subir uma montanha sem equipamento de segurança, com oxigênio do fôlego de cada mergulho. Irretocavelmente desenvolvo meu trabalho, com pequenas lapidações nos momentos que pedem para serem cutucados com o bisturi da pena. As peças, escritas com muito bom humor e certo sarcasmo, não escapam de um ironia ácida que corrói o mofo reacionário das velhas ideias. Apreciem o quanto puderem.

Um autor que cruza continentes em busca de sua mágica traduzida com singela inspiração!

Nós acreditamoso que é possível mudar o mundo com as palavras. “A pena é maior que a espada”. Poderia dizer que é melhor também, enquanto uma boa bomba atinge um pedaço de uma cidade, uma boa obra atinge um pedaço do mundo.

Excelência

O que torna um texto excelente? O seu autor e sua capacidade de retalhar os sentimentos em mil e um pedaços, para depois os colar, com o bisturi da pena, fazendo de cada página uma operação cirúrgica, onde morre ou o autor ou o texto. O autor ressuscita, a cada linha se for preciso. Eu carrego a Fênix nas costas. Sou obrigado a ressuscitar, pois dou meus ossos pelos meus textos, dou a chama que me sustenta, a cada batalha com o vazio do criar, que é um incêndio absoluto de contenções e preconceitos, bem como de expressões mortas e ideias que não atualizadas, atrapalham essa busca efêmera pela verdade, que não deixa de ser uma tempestade fugaz. Costumo dizer que não busco a excelência, pois ela me corre no sangue, busco a dor de cada frase, arrancada dos profundos de um mundo onde as raízes não são tocadas pela quentura da luz.

Profissionalismo

Busco para meus textos a alma da liberdade, não só a liberdade do espírito das palavras, mas da alma dos assuntos que são descortinados cada vez que nos debruçamos sobre eles. As pessoas são feitas de lembranças, saudades ou remorsos que pairam nesse turbilhão do existir que faz a vida poder vir ter um sentido, caso as emoções e os sentimentos não deixem de ser um esteio, e como casas abandonadas, passem a corroer os confins da paisagem. Embaixo de tudo existe um instinto que se sobrepõem a razão em todos seus descaminhos, e é ele que quero alcançar, o que desconstrói um homem, que se não tiver muito bem arraigado em seu ser, sua índole, a integridade de seus pequenos valores, não sobreviverá em alta pressão, quando a vida invadir sua casa, feito um furacão, nao sequer pedindo permissão para entrar.

Expertise

Procuro não me gabar dos meus trabalhos. Atualmente estou no meu nono romance, considerando que desconsiderei dois, um abortado, outro não chancelado, estaria no meu décimo primeiro filho. O mais difícil é publicar. Nunca encontramos as coisas do jeito que queremos. Com os movimentos certos vou publicar “Os Castradores de Arco-Íris” ainda esse ano, dando tudo certo, me darei de presente de aniversário, no começo da primavera. Já participei de duas feiras do livro, uma em Lisboa, outra no Porto, e uma bienal em São Paulo. Alguma coisa muda, talvez em quanto a sério você leva você mesmo, mas isso não pode ser apenas vaidade, por isso hoje estou mais concentrado em escrever, do que ficar me pavoneando nessas feiras. “Escrever é preciso, ir em feiras, não é preciso”.

“A alma rememora o que não devora, a vida purifica o que não deflora. O caminho é um sábio destino, enquanto em surdos labirintos somos apenas o ressonar dos sinos”

Fernando Castro

Olhe sempre para frente, pois o que passou está atrasado, e você não quer perder o trem